Resenha #2: A Paixão Segundo G.H.

      Ah, Clarice! Tentarei não ser tendenciosa quanto a essa resenha, uma vez que sou muito fã do estilo de escrita da Clarice. Peguei o livro emprestado da minha prima Bella (a propósito, obrigada pelos livros!) porque lembrei de uma das aulas de literatura que tive no 3° ano do E.M., na qual a professora resumiu a história e eu gostei bastante.
      AVISO: se você tem aquele asco terrível por baratas, nem mesmo veja a capa do livro. É sério.
      A sinopse é bem simples, no entanto, não vá achando que a leitura dessa história será assim. Resumidamente, G.H. é uma mulher independente e bem de vida. Ela ressalta isso muitas vezes, tanto com um ponto de vista positivo quanto um negativo. G.H. decide arrumar o quarto da empregada que se demitiu na véspera, e lá depara-se com duas surpresas: a primeira é a limpeza e a claridade do aposento, ao contrário do caos imaginado pela protagonista; a segunda é um desenho feito na parede, pela empregada. É aí que o intenso fluxo de consciência dessa obra começa - e adiante, a aparição de uma barata torna o enredo ainda mais intrigante.
      Como li boa parte desse livro durante uma viagem, custou um pouco para que eu tivesse atenção aos detalhes e acompanhasse o raciocínio de G.H., mas mesmo com 100% de disposição, foi uma das obras mais complexas que já li da autora. Para dispersar ainda mais a concentração do leitor, ainda há a famosa epifania*. Quando G.H. avista uma barata dentro do armário, ela sente tudo ao mesmo tempo. Nojo, pavor e angústia são apenas o início da divagação que seguirá. Mas confie em mim, a mente de Clarice Lispector é tão indecifravelmente deliciosa que você pode até mesmo interpretar os pensamentos da protagonista do seu jeito.
       Pessoalmente, considero Clarice Lispector muito mais como filósofa e poeta do que como novelista, já que a escrita com a técnica do fluxo de consciência é dotada de subjetividade (assim como a nossa mente) e desse modo, dá liberdade ao leitor para não só ler, como sentir a história e compreender seu respectivo desfecho. 
     
      É isso por hoje!
     

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