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Mostrando postagens de maio, 2019

Resenha #24: Dublinenses

Finalmente trago a vocês a resenha de um livro de James Joyce. Desde o ano passado eu queria encontrar algum livro dele em inglês, e agora que (finalmente) aprendi a me localizar na biblioteca da UnB, aproveitei a brecha entre uma prova e a entrega dos trabalhos finais para locar Dubliners (ou Dublinenses , na versão brasileira). O livro é um compilado de 15 crônicas, cada uma com um retrato crítico da sociedade irlandesa do final do século dezenove início do vinte; na versão que eu peguei tem 176 páginas. As histórias que fazem parte da obra foram publicadas entre 1904 e 1907, mas a publicação de tudo só foi possível sete anos mais tarde.  O que fez Joyce demorar tanto para ser aprovado pelos editores? Simples! Ninguém acreditava que a literatura que ele escrevia era boa. "Cheguei à conclusão de que não posso escrever sem ofender as pessoas", contou o autor em uma carta datada de 1906. As crônicas eram ofensivas, depravadas, transparentes demais para as pessoas de

Rel(ações) virtuais

Neste mês de maio eu venho tendo conversas inintencionais com várias pessoas a respeito do mundo virtual. É um assunto um pouco enfadado, principalmente para nós que nascemos depois de 1990, mas devemos constantemente nos indagar a respeito de o quanto tudo isso nos afeta. Pegamos o início da era das redes sociais e nos adaptamos rapidamente; eu mesma criei um Facebook com onze anos de idade (para jogar CityVille ), então considero o mundo virtual tão "natural" quanto os ambientes e objetos ao meu redor.  Há umas duas semanas tive um diálogo bem produtivo com um amigo sobre como nos apresentamos na internet, como isso afeta o modo em que vivemos e a nossa privacidade (contando com referências a episódios de  Black Mirror e a Bauman). Contraditoriamente, naquela mesma semana eu passava por um momento de angústia por não conseguir chegar em alguém no Whatsapp, para puxar conversa. Cheguei a ficar decepcionada comigo mesma, uma vez que na "vida real" eu conversava

Opinião sobre o Corte de Gastos da UnB

Oi, pessoal, Não sou muito afim de textos políticos, mas ontem decidi ler os comentários a respeito de um protesto que ocorreu na UnB contra o corte de gastos das universidades (também ontem) e fiquei decepcionada. É tão triste saber que existem tantas pessoas apoiando essa decisão. Para nós, que vivemos todos os dias o desprezo pela educação, dá uma aflição enorme, pois essa medida nos atinge diretamente. Antes de dormir, escrevi este texto, no meu celular mesmo, e decidi publicá-lo. Não me importo se não gostarem, mas peço para que reflitam.  Sou estudante da UnB e não me considero nem de esquerda, nem de direita. Isso não torna meu posicionamento neutro quanto ao que vem acontecendo nesta última semana. Quando entrei na Universidade de Brasília, no início do ano passado, eu logo senti o desinteresse do financiamento para os cursos de Humanas. Se não me engano, desde 2014 o Governo Federal vem afunilando (e desculpem-me pelo gerundismo) os gastos com as universidades públicas, o

Resenha #23: Enclausurado

Vai chegando o meio do semestre e logo as minhas leituras literárias vão diminuindo... Em abril só consegui ler um romance, recomendado para o trabalho final da matéria que peguei de Introdução à Teoria da Literatura. Mas como foi uma leitura prazerosa (apesar de esquisita), decidi escrever uma resenha sobre a obra. Trata-se do livro "Enclausurado", do escritor inglês Ian McEwan, publicado em 2016 com o título original "Nutshell" (A Casca de Noz). Talvez para não ser confundido com um dos livros de Stephen Hawking, decidiram traduzir o título da obra para Enclausurado .  Prefiro o original, mas fazer o quê, né? São 200 páginas, ou seja, é um livro relativamente pequeno. Se você não estiver empacado em trabalhos e leituras para a faculdade como eu, dá para ler tranquilamente ao longo de uma semana. O enredo não me prendeu como eu esperava, mas a narrativa flui bem.  A história é uma releitura de Hamlet (uma das peças mais famosas de Shakespeare e que até hoje