Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2018

Resenha #18: O Quinze

Olá, pessoal! Esta será a última resenha do ano (😎) e será sobre um livro que todo mundo já ouviu falar: O Quinze , de Rachel de Queiroz. Foi publicado em 1930 e relata como foi o ano de 1915, ano em que ocorreu uma longa seca no Ceará. Na época, a autora tinha apenas cinco anos de idade, mas foi por causa do duradouro período de estiagem que seus pais saíram de Fortaleza para o Rio de Janeiro. A autora adota três pontos de vista para narrar a história, o que achei muito bom por dar uma fluidez enorme à narrativa e, também, por contar como diferentes pessoas encararam aqueles terríveis meses de estiagem. O primeiro ponto de vista é o de Conceição, uma jovem professora da cidade que sempre passa as férias com a avó (Inácia), na fazenda do Logradouro, perto de Quixadá. Gostei muito da personagem, e creio que a autora tenha colocado muito de sua personalidade nela. Conceição é aquela moça irônica, bem decidida, fala muito bem que nasceu para ser solteirona, e tem um grande c

Roma: o filme da Netflix que pode concorrer ao Oscar de 2019

Imagem
Fazia algum tempo que eu ouvia falar desse tal filme: assim como 'O Artista', 'Roma' é todo em escala de cinza, o que já chama a atenção; ele se passa no México, nos anos 1970, e parecia que havia uma discussão se ele poderia ou não concorrer ao Academy Awards do ano que vem. Era tudo o que eu sabia sobre o filme. Mesmo assim, decidi assisti-lo. Primeiramente: Roma não fez sucesso sem motivo. Ele é o primeiro filme de Alfonso Cuarón, o renomado diretor de cinema (já ganhou dois Oscars e foi nomeado a outros quatro), em cinco anos. De Gravidade , situado no espaço, para Roma , situado no bairro onde o cineasta cresceu, há uma mudança gritante - não só geográfica, mas também da forma de abordagem e de sensibilização. A história é centrada na personagem Cléo, uma empregada doméstica de uma família de classe média alta, que reside no bairro Roma, na Cidade do México. De maneira rotineira e casual, ela vai executando suas tarefas de casa e vivendo sua vida, en

Resenha #17: O Menino no Espelho:

Só quem já leu Fernando Sabino sabe o quanto é fácil se perder nas narrativas do autor e devorar o tudo de uma só vez. Para quem ainda quer ler um livro antes do final do ano, super recomendo O Menino no Espelho. Nele, o autor narra, em formato de conto, suas aventuras e desventuras de infância. Minha resenha hoje dará uma breve noção de como é cada história contada no livro, de 174 páginas, publicado em 1989.  Ele começa com um prólogo, titulado "O Menino e o Homem", onde apresenta uma cena cotidiana na casa em que cresceu, em Belo Horizonte, e nos introduz ao seu fascinante mundo de menino. Em "Galinha ao Molho Pardo" (o primeiro capítulo), ele narra uma determinada tentativa de proteger o almoço de domingo, escondendo a pobre galinha da cozinheira, a Alzira. Em "O Canivetinho Vermelho", o pequeno Fernando se vê com superpoderes e aproveita para se divertir com eles.  "Como Deixei de Voar" nos conta suas tentativas de conquistar os

Sobre algo que não é inveja

Olá, pessoal. Sei que esse blog funciona majoritariamente para resenhas de livros, mas, como deixei claro qui, este espaço também é dedicado ao compartilhamento de alguns pensamentos e textos escritos por mim.  Sem mais delongas, hoje vou falar sobre algo que não é inveja, mas que particularmente me afeta todo santo dia - especialmente durante as férias. Muita gente já escreveu e comentou sobre o chamado "fear of missing out" (medo de ficar de fora), ou FOMO, para os íntimos - é a sensação de que as pessoas estão se divertindo sem você, realizando objetivos que você queria alcançar; enfim, de que elas têm uma vida melhor que a sua. Esse sentimento, que obviamente já existia no passado (embora, até onde eu saiba, não era tão enfatizado quanto hoje), foi potencializado de maneira exponencial em advento das redes sociais.  Acho que a designação do FOMO não é capaz de expressar exatamente o sentimento, e é mais ou menos sobre isso que pretendo articular. Não me consi

Resenha #16 - Fahrenheit 451

Nessa altura do campeonato, você provavelmente já sabe o quanto eu curto distopias e romances com um tom crítico. Só em 2018 li três "clássicos" desse gênero literário: Laranja Mecânica, Admirável Mundo Novo e, agora, Fahrenheit 451. Assim como das outras vezes, nunca assisti ao filme baseado na obra, portanto tudo o que eu sabia de Fahrenheit era que a história é centrada em um bombeiro, e que se passa em um futuro distópico. "The Fire Man" ( O Homem do Fogo , trocadilho com a palavra bombeiro, em inglês), como foi batizada originalmente, foi escrita por Ray Bradbury em apenas nove dias, no ano de 1950. Foi publicada inicialmente em folhetim e fez tanto sucesso que o autor desenvolveu mais a história e a relançou como livro (já com o título atual) em 1953. Guy Montag é um bombeiro, mas seu trabalho não é do jeito que o conhecemos: em vez de apagar o fogo, os bombeiros são os responsáveis por provocar incêndios nas casas. O objetivo? Queimar livros. Por quê?