Resenha #16 - Fahrenheit 451

Nessa altura do campeonato, você provavelmente já sabe o quanto eu curto distopias e romances com um tom crítico. Só em 2018 li três "clássicos" desse gênero literário: Laranja Mecânica, Admirável Mundo Novo e, agora, Fahrenheit 451. Assim como das outras vezes, nunca assisti ao filme baseado na obra, portanto tudo o que eu sabia de Fahrenheit era que a história é centrada em um bombeiro, e que se passa em um futuro distópico.

"The Fire Man" (O Homem do Fogo, trocadilho com a palavra bombeiro, em inglês), como foi batizada originalmente, foi escrita por Ray Bradbury em apenas nove dias, no ano de 1950. Foi publicada inicialmente em folhetim e fez tanto sucesso que o autor desenvolveu mais a história e a relançou como livro (já com o título atual) em 1953.

Guy Montag é um bombeiro, mas seu trabalho não é do jeito que o conhecemos: em vez de apagar o fogo, os bombeiros são os responsáveis por provocar incêndios nas casas. O objetivo? Queimar livros. Por quê? Porque quem lê livros começa a pensar demais, a criticar demais, a se achar superior aos outros - e isso é ruim para a sociedade. 

Montag é levado a despertar sua curiosidade após uma conversa com uma vizinha, Clarisse McClellan. Clarisse é uma jovem de 17 anos que se considera "maluca" por não ser como os outros. Ela nota tudo ao seu redor e passa muito tempo só pensando. Isso faz com que Montag se sinta intrigado, e após vários dias encontrando a vizinha no caminho para o trabalho e conversando com ela, ele acaba roubando um livro que deveria queimar. 

O bombeiro está decidido a ler aquele livro, então diz à esposa que está doente e que não irá trabalhar naquela noite. Ela acha aquele comportamento estranho, afinal, ele nunca havia faltado uma noite de serviço. Não era só ela que desconfiava do modo em que o marido vinha se portando: naquela mesma manhã, o chefe dele, capitão Beatty, lhe faz uma visita. Ele explica a Montag o porquê e como a leitura de livros se tornou ilegal, além de dar uma chance ao subordinado: ele poderia ler o livro que pegou, mas teria que devolvê-lo no dia seguinte. A esposa de Montag, que é totalmente alienada, fica chocada com a descoberta do livro. Não muito tempo depois, o marido lhe confessa algo muito mais horrorizante - mais isso já seria spoiler ;)

Guy Montag, portanto, lê. E descobre que vale a pena salvar os livros em vez de queimá-los. Porém sabe que se não devolver o livro que roubou, irá para a prisão. Daí entra um outro personagem, que o bombeiro já conhecia: o professor Faber, um velho intelectual. A ideia é muito boa: fazer uma cópia da obra roubada. O professor, no entanto, acaba ajudando-lhe muito mais do que nós, leitores, esperávamos.

É importante saber que o romance também é bastante reflexivo e possui uma carga psicológica que nos leva a compreender as crises que desenrolam na cabeça do protagonista. Há pontos em que eu fiquei com raiva pelo fato dele ser tão impulsivo, de fazer tanta coisa a sangue quente, sem levar em conta as consequências. Sempre que Montag tem um "acesso de raiva", a ação dele dá errado. Tamanho é um dos erros do bombeiro que no final da história ele se torna um fugitivo, procurado pela polícia, e termina por se refugiar com um bando de "velhacos". O final da história...? Ah, você terá que ler para descobrir!

Uma história sensacional, que te faz pensar não só sobre a importância da leitura, como também sobre para qual rumo estamos indo como sociedade (não é isso que toda distopia nos faz perguntar?). Pretendo ler o livro novamente, não por lazer, mas para notar e anotar as teorias da comunicação presentes no enredo, já que Fahrenheit critica severamente a sociedade de massas, a sociedade "narcotizada" e inerte pela mídia. Mas isso é outro assunto.... 

Para quem quiser comprar o livro, ele está ainda mais barato pela Amazon do que nas livrarias: https://amzn.to/2rebcgC 😊

Fico por aqui com a resenha de hoje. Até logo!

Comentários