Resenha #24: Dublinenses

Finalmente trago a vocês a resenha de um livro de James Joyce. Desde o ano passado eu queria encontrar algum livro dele em inglês, e agora que (finalmente) aprendi a me localizar na biblioteca da UnB, aproveitei a brecha entre uma prova e a entrega dos trabalhos finais para locar Dubliners (ou Dublinenses, na versão brasileira).

O livro é um compilado de 15 crônicas, cada uma com um retrato crítico da sociedade irlandesa do final do século dezenove início do vinte; na versão que eu peguei tem 176 páginas. As histórias que fazem parte da obra foram publicadas entre 1904 e 1907, mas a publicação de tudo só foi possível sete anos mais tarde. 

O que fez Joyce demorar tanto para ser aprovado pelos editores? Simples! Ninguém acreditava que a literatura que ele escrevia era boa. "Cheguei à conclusão de que não posso escrever sem ofender as pessoas", contou o autor em uma carta datada de 1906. As crônicas eram ofensivas, depravadas, transparentes demais para as pessoas de Dublin. Até então, como talvez você se lembre, a literatura era marcada pela romantização dos lugares, dos costumes e das personagens. Se alguém era um "mau-caráter" em um romance, ele provavelmente seria o "vilão"; as mocinhas eram sempre bem-comportadas; os ricos eram sempre elegantes. Mas Joyce propunha, com Dublinenses, "civilizar os civis da Irlanda". Ele expunha, naquelas páginas, muitos podres da Igreja, da classe média, dos casais, dos trabalhadores, das famílias.

A última crônica talvez seja a mais marcante: foi inspirada na peça Casa de Bonecas, de Ibsen, e retrata uma situação semelhante à do casal Helmer. É um retrato fidedigno da realidade velada por alguns casais na época, para os quais as aparências significavam bastante na vida conjugal. 

Admito não ter gostado de algumas histórias - talvez porque hoje não mantemos mais os tabus da época, então o sentido inicial acabou perdendo um pouco de sua significância. Porém, algumas das crônicas me chamaram à atenção: As Irmãs, Um Encontro, Um Caso Doloroso e Uma Mãe. São narrativas simples a respeito de pessoas simples; um livro de um irlandês para os irlandeses. 

Esta foi mais uma resenha literária, quem sabe, pequena demais, (de mais um clássico inglês, mas não estamos surpresos com isso, não é mesmo?) mas era isso o que eu tinha para escrever. Creio que a partir de agora e até o final de junho vai ficar um pouco difícil de postar novas resenhas. Espero conseguir passar por aqui em algum momento antes do semestre acabar, mas como ainda não tenho certeza se vai dar...

Até a próxima!

Comentários

  1. Você é sensacional! Sempre nos indicando bons livros������������

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