Resenha #8: Dias de Ira


      Ok, como começar essa resenha? Acho que primeiramente devo dizer que tive que ler esse livro para a matéria de Oficina de Texto - aparentemente é um clássico do jornalismo investigativo. Não foi uma leitura chata, pelo contrário, foi desafiante. Não um desafiante cansativo, mas um desafiante intrigante.

      Desafiante porque foi a primeira vez que li um livro não-fictício sobre assassinatos. Uma coisa é ler Sherlock Holmes e os livros da Agatha Christie, outra é ler detalhadamente as cenas mais grotescas que se pode imaginar e saber que tudo isso foi verídico, e que muitos dos personagens envolvidos nas investigações e nas notícias acerca dos crimes ainda estão vivos.

      O autor, Roldão Arruda, é atualmente repórter da editoria de política do Estadão. Dias de Ira foi publicado em 2001, se não me engano, oito anos após a "conclusão" dos fatos da trama. , agora que o caminho está preparado, posso falar sobre a obra.

      Entre 1986 e 1989, uma onda de assassinatos deixou São Paulo chocada. As vítimas eram homens completamente diferentes uns dos outros, mas que tinham um ponto comum: todos eram gays.

      Antes de começar o livro, eu achava que o(s) assassino(s) teria(m) cometido os crimes simplesmente por ódio ou por causa da AIDS, que naquela época ainda era uma doença terminal. Mas era muito mais complexo do que isso (como tudo na vida).

      Cronologicamente, tudo começou em 1986, com o assassinato de José Liberato, um decorador que estava vigiando a casa da irmã enquanto ela fazia uma viagem. Tinha 66 anos e o crime foi tido como qualquer outro latrocínio.

      Em Dias de Ira, entretanto, os fatos não são narrados cronologicamente. Isso me deixou confusa, porque o primeiro fato que é contado é a descoberta do corpo do psiquiatra Giacomo, na Zona Sul de São Paulo, em 87. A história é contada, de certo modo, sem cronologia nenhuma - tudo é explicado à medida que novos personagens vão aparecendo e a trama vai ficando mais complexa. Como são muitos personagens e muitos "ganchos" com outros acontecimentos, não irei prolongar essa resenha mais do que o necessário. Em resumo, quando você pensa que a Polícia conseguiu uma prova sólida, ou quando aquele homem foi a última vítima, você está enganado. Sempre tem mais a ser revelado.

      Apesar da leitura ter sido bem desafiadora para mim, eu recomendo o livro para quem gosta de ficar chocado, ou para quem nunca leu algo do tipo. Não vá desavisado, têm coisas horrendas nessa história, mas vale a pena enfrentá-las para chegar à conclusão.

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