Resenha #9: O Caçador de Pipas

       Olha só quem deveria estar estudando, mas está escrevendo! Hoje venho falar sobre um livro que li mês passado, mas que até agora não tinha tido a disposição de resenhar.

       Primeiramente, eu gostaria de admitir que até ver o filme, eu achava que o Caçador de Pipas tinha sido escrito pelo mesmo autor de O Menino do Pijama Listrado, e que falava sobre a mesma temática. Peço desculpas a Khaled Hosseini e John Boyne por isso.

       Eu assisti o filme alguns meses atrás e, como sempre, tive a curiosidade de ler o livro. Quando o meu aniversário chegou, uma prima me deu um livro muito nada a ver comigo e eu decidi trocá-lo por O Caçador de Pipas e A Máquina do Tempo, de HG Wells - que eu ainda não li. Enfim, continuemos.

       A história é muito cativante e eu devorei o livro. Enquanto lia, eu lembrava de um texto que li para uma aula em que o autor falava sobre a leveza nos textos. Leveza no sentido de explorar um tema pesado de um modo que não sobrecarregasse o leitor, ou que não o deixasse chocado. Creio que Khaled Hosseini executou essa tarefa excelentemente, pois a trama do livro se passa com tragédia após tragédia, mas há algo de poético no meio de tudo o que acontece. A história te deixa com raiva, te deixa triste, te faz chorar e torcer para que tudo dê certo, mas em nenhum momento te faz largar o livro porque você precisa tomar um ar, como foi no meu caso quando li Laranja Mecânica ou quando eu estava assistindo Black Mirror.

      Tudo começa com a infância de Amir e Hassan em Cabul, capital do Afeganistão, no início dos anos 70. Amir é um menino rico, cujo pai é muito respeitado e admirado por todos na cidade, entretanto, ele sente que o pai não o ama. Hassan, por sua vez, é o filho do empregado da casa e o colega de brincadeiras de Amir - para não dizer amigo. Os dois foram criados juntos. Ok, até aí tudo bem, tudo parece feliz e normal. Acontece que Amir sentia um pouco de inveja de Hassan, pois o pai tratava o filho do empregado com mais afeição do que com o próprio herdeiro. Hassan era corajoso e leal. Amir era um covarde. Digo covarde porque ele mesmo se descrevia como tal.

      Como sempre, havia aquele grupo de moleques que infernizavam a vida dos dois. Faziam chacotas com Hassan porque ele era hazara - uma etnia considerada inferior na tradição afegã, e com Amir por ser amigo de um hazara, sendo que ele era pashtun, e um pashtun rico. Enfim, um dia o líder da "gangue" decide ir um pouco além da agressão verbal e quer partir para a agressão física - é aí que a coisa fica feia. Não vou contar o que acontece porque seria spoiler, mas o líder, Assef, ameaça o pequeno Amir.

      Certo inverno - e é daí que vem o título do livro - Amir finalmente conquista o coração do pai ao vencer o campeonato de pipas (duelo?), e como Hassan é um bom "caçador de pipas", ele vai à caça da última pipa que o amigo derrubou. Como prova de sua lealdade, ele paga um preço muito alto por isso, que muda a sua relação com Amir para sempre. E eu não estou dizendo isso para dar um ar de suspense. Para sempre literalmente significa para sempre. De início, Amir quer que o pai demita Hassan e Ali, o pai dele, mas não tem seu desejo concedido tão facilmente. No fim das contas, são os últimos dois que decidem dar adeus à casa e aos patrões que tanto amavam.

       Cinco anos se passam; o Afeganistão está sob domínio dos soviéticos e Amir, juntamente com o pai, deixam o país e partem para o Paquistão. Meses depois eles chegam aos Estados Unidos, onde pai e filho ficam mais próximos do que nunca. Talvez pelo fato de não terem mais a vida estável e agradável que tinham antes; agora vivem em um apartamento apertado e cheio de problemas, em um bairro não muito bom de San Francisco. Não vou contar tudo, mas para mim cada capítulo desse livro é importante.

        Depois de muitos anos, Amir já é um homem por volta dos 40 anos de idade, casado e com um emprego bom. O pai já havia morrido há um certo tempo, o Afeganistão já tinha sido desocupado pelos soviéticos e estava sob domínio do talibã. Amir recebe um telefonema de um velho amigo do pai, o qual eu não mencionei, apesar de ser um personagem significante na história. Enfim, esse senhor, que já está perto de morrer, faz um pedido a Amir - um pedido estranho. Queria que ele fosse vê-lo em Peshawar, uma cidade paquistanesa. Ele vai, um pouco hesitante. Lá seus planos mudam drasticamente e ele se vê surpreso por finalmente descobrir a verdade acerca do paradeiro de Hassan, tantos anos depois. Mas digamos que há muitas surpresas, e se você não leu o livro nem viu o filme, não vou dar spoiler. Acho que se eu avançar a resenha, vou estragar o final, mas long story short, Amir vai ser posto à prova e vai ter que enfrentar alguns de seus maiores medos para superar arrependimentos passados e seguir em frente. O preço é caro, mas vale a pena. 

       Enfim, talvez um dia eu leia O Caçador de Pipas de novo e escreva outra resenha. Por ora, me despeço aqui porque tenho que terminar mais um dos meus 3000000 trabalhos de fim de semestre. Mas é isso. Fiquem com Deus!



      


       

     

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