Resenha #12: O Guia do Mochileiro das Galáxias

Hoje vamos falar sobre um livro muito famoso na cultura pop-cult e no universo geek, como um todo. Eu juro que até o ano passado acreditava que era direcionado ao público infantil, por causa da capa  (não sei por que, me lembra muito a do Capitão Cueca), e acho que também porque no sebo onde compro livros sempre o colocavam na seção infanto-juvenil. 

O que importa é que O Guia do Mochileiro das Galáxias é um livro beeeem diferente de tudo o que já li na vida. Para começar, a história não foi publicada inicialmente como um livro, e sim como uma comédia de ficção científica da BBC, nos anos 1970. Para quem já ouviu (ou pelo menos ouviu falar de) Welcome to Night Vale, é mais ou menos nesse mesmo ramo em que se encontra a novela de Douglas Adams. 

Não vou mentir: nunca vi nada tão esquisito como essa história. Acredito fielmente que o autor estava, no mínimo, meio fumado quando escrevia a narrativa. Mas enquanto eu lia, tentava ver os pontos positivos e não levar tanto a sério, afinal, é uma gozação com as novelas e filmes de ficção científica, que ainda estavam no seu ápice naquela época (Star Wars,;Jornada nas Estrelas; 2001: Uma Odisseia no Espaço e, para os ingleses, Doctor Who). 

Tudo começa com uma quinta-feira aparentemente normal na vida de Arthur Dent, um homem normal, com um emprego normal, que morava numa casa normal e que tinha amigos normais. Só que não. 

Naquela quinta-feira, a casa de Arthur Dent seria demolida para que fosse construído um desvio no lugar. 

O que ele não sabia era que o Planeta Terra estava prestes a ser destruído, para que fosse construído um desvio intergaláctico. 

O que ele também não sabia era que seu amigo Ford Prefect era de um planeta próximo a Betelgeuse, e não da cidade de Guildford, a sudoeste de Londres. Ford Prefect havia chegado a Terra há quinze anos e se passava por um ator desempregado quando, na verdade, fazia pesquisa de campo para a edição revista (e atualizada?) do Guia do Mochileiro das Galáxias. 

A partir daí, a história que até fazia um pouco de sentido começa a ficar confusa até demais. Ford resgata Arthur da destruição da Terra, são expulsos da nave na qual pegaram carona, são resgatados no espaço por uma nave novinha em folha, roubada pelo Presidente do Império das Galáxias, que é também semiprimo de Prefect. 

Apesar de eu ter achado muita devagação, gostei das tiradas irônicas e das reflexões filosóficas que o livro transmite, principalmente a respeito da existência e da felicidade. Realmente fazem você rir e pensar: "poxa, não é que isso é verdade?!". Para exemplificar, deixo aqui uma parte do "prefácio" (não é no prefácio, mas fica antes do capítulo 1):

"Muito além, nos confins inexplorados da região mais brega da Borda Ocidental desta Galáxia, há um pequeno sol amarelo e esquecido. 

Girando em torno deste sol, a uma distância de cerca de 148 milhões de quilômetros, há um planetinha verde-azulado absolutamente insignificante, cujas formas de vida, descendentes de primatas, são tão extraordinariamente primitivas que ainda acham que relógios digitais são uma grande ideia. 

Este planeta tem - ou melhor, tinha - o seguinte problema: a maioria de seus habitantes estava quase sempre infeliz. Foram sugeridas muitas soluções para esse problema, mas a maior parte delas dizia respeito basicamente a movimentação de pequenos pedaços de papel colorido com números impressos, o que é curioso, já que no geral não eram os tais pedaços de papel colorido que se sentiam infelizes. 

E assim, o problema continuava sem solução. Muitas pessoas eram más, e a maioria delas era muito infeliz, mesmo as que tinham relógios digitais."

Quanto à leitura em si, achei bastante tranquila. São 204 páginas, com muito diálogo, e a fonte é grande o suficiente para que você consiga ler tudo em dois dias (ou doze horas, como eu 😬). Pode ser lido por crianças? Absolutamente não. De treze anos para cima, é o que recomendo. 

Se perguntarem quem foi o meu personagem preferido, sem sombra de dúvida foi o robô Marvin, o androide maníaco-depressivo. Porque toda história de ficção científica tem que ter um droid, né?

Enfim, vale a pena ler? Na minha opinião, vale - nem que seja para dizer que "li e não gostei". É realmente bem inovador e super esquisito, o que causa estranhamento e até chateia por não fazer muito sentido, mas não achei ruim. Para quem gosta de algo divertido e quer fazer passar o tempo, fica a recomendação.

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