Resenha #13: A Máquina do Tempo

Dizem por aí que H.G. Wells foi o pai da ficção científica, e que com sua obra A Máquina do Tempo, de 1895, consagrou esse gênero literário que até hoje amamos. Há vários motivos para eu indicar esse romance, sendo o primeiro deles o fato de que é uma história curta e fácil de entender, se comparada com outras da época. 
A narrativa usada chama-se narrativa moldura, que consiste basicamente em uma história menor dentro de outra maior. Para mim, essa escolha foi perfeita, porque se tivesse sido escolhida uma narrativa em primeira pessoa, com o Viajante do Tempo contando acerca da sua própria experiência, creio que ficaríamos com uma pulga atrás da orelha (tipo, será que isso é verdade mesmo?), além de estragar completamente o suspense do final - mas sem spoilers!

O Viajante do Tempo é um conhecido do nosso narrador-observador, e nossa história começa em uma sala onde vários homens, como o editor de um jornal, um médico, um psicólogo e um jornalista, estão reunidos para ouvir a respeito da invenção de uma máquina capaz de se deslocar na quarta dimensão (o tempo/duração) do mesmo jeito do que nas outras três. Como todos queriam saber mais da engenhoca, nosso Viajante até chega a mostrar parte do artefato, mas pede para que todos retornem na semana seguinte.

Obedientemente, todos (e mais alguns) voltam a se reunir na casa do viajante e se inquietam com o atraso do anfitrião para o jantar que marcaram. Por fim, ele chega, muito atrasado, e com as roupas esfarrapadas e com uma feição de cansaço. Durante a refeição, ele alega que esteve viajando no tempo, onde passou uma semana no futuro. Chama os convidados para a sala de fumo, onde nossa narrativa central começa efetivamente.

Eis que o ano é 802.701 d.C., e o protagonista observa de imediato que o mundo está bem diferente do que ele esperava. Não há nenhuma evidência do progresso tão sonhado pelos vitorianos (correspondente ao período entre o final da década de 1830 e o início da década de 1910, antes da eclosão da 1ª Guerra Mundial). Em vez de grandes indústrias, maquinários esquisitos e seres humanos intelectuais, detentores de todas as respostas, ele se depara com gramas verdejantes, uma esfinge de mármore e um povinho baixinho, com feições delicadas e homogêneas, que se vestia com uma túnica roxa e sandálias metálicas estilo Gladiador, e não formulava frases completas. 

Esse povinho amigável o leva para dentro de um prédio, onde o tratam com fascínio de início, mas logo perdem o interesse pelo Viajante no Tempo vestido de fraque. Ele admira o novo mundo ao seu redor, mas depois decide voltar ao ponto por onde chegou e não acha a sua Máquina. Por alguns dias, tentou se comunicar com esses seres humaninhos, chamados Elóis, sem obter muito êxito. Começa, então, a notar que eles têm medo do escuro e que nunca dormem sozinhos. 

Não vou entrar muito em detalhes, afinal, essa é só uma resenha. Acontece que os Elóis não eram os únicos descendentes da raça humana, e sim, a descendência de uma aristocracia inerte, saudável e feliz que, por conseguinte, deixou de ser inteligente e foi ficando cada vez mais frágil e delicada. Por outro lado, os operários, trabalhadores braçais, haviam ficado confinados no subsolo - não muito diferente dos mineradores, dos limpa-fossa e dos trabalhadores das fábricas do século XIX. Assim, à medida que as gerações passavam, os Morlocks, como ficaram chamados, passaram a temer a luz e a servirem os Elóis mecanicamente. E adivinhe.... eles capturaram a máquina do nosso Viajante! 

Assim é a trama da nossa história: o Viajante do Tempo tentando recuperar seu artefato e voltar à sua época. 

Embora o enredo seja simples, é possível fazer várias leituras do texto. Na Wikipédia, dizem que reflete a afiliação de Wells com o socialismo e aos estudos do autor na área da biologia; na contracapa do meu livro, as interpretações são marxistas e darwinistas. Durante a minha leitura da narrativa, eu ainda achei certas críticas ao positivismo, que era uma corrente pensamento-filosófica em voga no final do século no qual o livro foi escrito; e uma reflexão acerca do determinismo (homem determinado pela sua época, pelos ambientes por onde passa, por seu contexto social, etc.). Para quem é mais estudado ou que conhece mais autores e pensadores, essa obra de H.G. Wells deve ser ainda mais rica. De fato, a história é a epítome da cultura e da ciência desenvolvidas no século XIX, especialmente na Inglaterra. Na minha opinião, vale muito a pena lê-la, nem que seja só por diversão.

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