Semana Universitária da BCE - Visita Guiada no Setor de Coleções Especiais

Atire a primeira pedra quem ama livros e nunca pensou em ser bibliotecário. Hoje pude ter um leve gostinho de como é trabalhar em uma biblioteca!
Para quem é de Brasília, nessa semana tá rolando em todos os campi da UnB a Semana Universitária, que faz uma espécie de troca entre a comunidade acadêmica e a população do DF. Há vááárias oportunidades de palestras, exposições, apresentações, tira-dúvidas e sei lá mais o que. E, é claro, a BCE (Biblioteca Central) não poderia ficar de fora desse evento.

Hoje conheci fiz uma visita guiada no Setor de Coleções Especiais e foi uma experiência tão boa quanto comer brigadeiro. Primeiramente, porque as outras duas pessoas esperadas para fazer a visita comigo não compareceram, o que me deixou sozinha com Fernanda, a bibliotecária encarregada desse setor e que foi minha guia, e Ana Amélia (acho que era Ana Amélia mesmo, mas não gravei o nome dela), uma bibliotecária que aparentemente trabalha lá na BCE desde os anos 80. Ambas foram super simpáticas e prestativas com as informações dadas.

Fernanda perguntou qual era o meu curso e, por ser jornalismo, ela se pôs a me mostrar primeiro a hemeroteca. Para quem não sabe o que é uma hemeroteca, ela geralmente é um acervo de jornais antigos, embora às vezes - como no caso, é uma coletânea de recortes de revistas colados em folhas de papel. Minha guia comentou sobre o estado de conservação precário e falta de digitalização/indexação em que se encontram a maior parte desses excertos, além de contar a breve história da coleção: inicialmente, recortavam-se matérias sobre professores que foram dar palestras em universidades renomadas internacionalmente, seguido por assuntos referentes à UnB (greves, ocupações...) e por último, já nos anos 80, notícias do tipo : "cachorro atropelado na Universidade de Brasília". Daí essa coleção perdeu o seu propósito e hoje, por causa da internet, não é mais necessário guardar jornais antigos. Os exemplares dali são referentes ao período de 1964 (embora a hemeroteca em si só começou em 71) e a década de 1980. 


Recorte de uma revista do governo Figueiredo



A segunda coleção foi de fitas VHS, livros de cursos de línguas e slides formato 35mm. É engraçado lembrar que há menos de 20 anos essa tecnologia era tão atual... Lá na coleção havia muitos filmes clássicos, mas que se tornaram inúteis por causa da internet e não têm função nenhuma para pesquisas acadêmicas. Se as fitas estão em formato digital? Algumas. Filmes brasileiros, somente. Há ainda os que não rodam mais devido à falta de uso e os que estão com áudio/imagem ruins.

E agora, uma seção inusitada e, para a minha surpresa, maior do que eu esperava: vinis. Embora Fernanda tenha explicado direitinho que nem todos são, de fato, vinis, são classificados como tais. A organização deles é por gênero musical. O grande problema é quando cantores não se encaixam em só um gênero, como o Roberto Carlos. Afinal, ele é Música Popular do Brasil, Música Popular Brasileira, ou Música Brega? Ninguém sabe. E é por isso que tem LP do Roberto Carlos em várias estantes. 


Um fato curioso é que os discos de vinil não abrigam somente músicas: lá também têm bolachões como gravações de peças de Shakespeare feitas por uma companhia de teatro inglesa (estilo audiolivro) e:

Que tal a história do Frankenstein em
gibi, narrada em um disco de vinil?
Marchinhas da Schutzstaffel, discursos de
Hitler e propagandas da rádio nazista


















Há também partituras de compositores internacionais, como Beethoven, Wagner e Brahms, e nacionais. Estas últimas estão sendo higienizadas e digitalizadas no momento.















Lá você também irá encontrar livros em russo, coreano, japonês, persa, e que, por mais que pudessem ser traduzidos, precisariam de um professor para lê-los e ver se as traduções ficaram certos. Como isso demanda tempo e não é uma atividade remunerada, esses livros estão parados na estante 😞

Outra seção que achei inusitada, mas que respondeu à uma dúvida que eu tenho há tempo, é onde ficam os livros com formatos estranhos demais para serem dispostos no acervo geral. São livros ora grande demais, ora pequenos demais, ora frágeis demais.

Por conta de uma disposição errada na prateleira, alguns
cordéis estão envergados

Bíblia proibida? Ou grande demais?

Há seções específicas para livros relacionados a Brasília e outro para jornais e revistas da UnB, como a Campus e a DARCY.
A última parte da minha visita foi à sala de "Coleção Especial de Documentação Histórica", a qual só pode ser acessada com uma justificativa muito plausível, e essa pessoa deve estar acompanhada o tempo todo pelo encarregado das Coleções Especiais. Como o acesso é restrito, tipo, bem restrito mesmo, achei melhor não compartilhar as fotos que tirei por ali. 

Enfim, tiveram várias outras coisinhas (como mapas, cartazes, maquetes, CDs), várias informações que recebi ali daquelas duas simpáticas mulheres - aliás, a Fernanda tem uma decoração muito fofa da palavra supercalifragilisticexpialidocious num cantinho, e no final nem deu tempo para eu ver tudo porque eu estava com o horário apertado. Vamos marcar uma Parte Dois da minha visita, e assim poderei ouvir e ver alguns discos e filmes dessas coleções tão ricas para Brasília e para o Brasil. 

Você pode fazer a sua inscrição para essa visita pelo site da BCE. Por causa da Semana Universitária, acho que os horários estão mais flexíveis, então vale super a pena ir lá até sexta-feira (28)!



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